quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Poema - 25

POEMA


Procuro a cópia exacta da minha vida
e não encontro (um deus não serve
um deus criei-o eu e ele depois degenerou em
verve
na imaginação dos mais)
talvez uma criança adormecida
talvez se pareça com uma árvore
na mão dos temporais.

…Talvez se pareça com muitos pensamentos
que digam e contradigam e afirmem e neguem
- neguem o que afirmem como ventos
que façam andar mas depois já perseguem
na tempestade o barco à vela.

Parece-se talvez mais com os ventos
e com aquela estrela de papel
que tem sonhos infantis e a esperança
de vir a ser a estrela verdadeira
do bom-pastor ou da bonança
… ou a estrela da cegueira.

Talvez com uma árvore…
talvez…
talvez com aquela frase que gravei no mármore
- azul ou verde, mas, deus, de que cor? –
que não existia e era feito talvez da dor
que tudo faz e tudo constrói numa ânsia
louca de exceder o criador.

Afinal parece-se com um poeta de amor
dalguém que ame a distância
e a ingenuidade duma flor.

…E a dor, afinal,
é o mais individual
poema d´amor.


(ANTÓNIO DE NAVARRO)

2 comentários:

Unknown disse...

Boa noite Joseph.
Lindo poema, gostei.

Está quase aí o fim de semana.
Ufa que semana esta minha.
Ainda bem que para a semana que vem os miudos ficam em casa até quinta.
Eheheh

Abraço

Manuela

Cati disse...

EO poema... muito bom... a frase preferida:

"Procuro a cópia exacta da minha vida
e não encontro..."

Já respondi à tua pergunta! E fiz-te outra... beijoca!