A economia deverá sofrer uma quebra de 0,2%. A OCDE é a primeira a colocar Portugal em recessão.
A recessão económica vai chegar a Portugal já no próximo ano e deve fazer a taxa de desemprego subir até 8,5%, o valor mais alto dos últimos 21 anos. Segundo o Economic Outlook divulgado ontem pela OCDE, exportações e investimento em queda, conjugados com um consumo arrastado pela tendência negativa, vão fazer a economia contrair -0,2% em 2009, empurrando Portugal para a primeira recessão desde 2003.
Os dados da OCDE são os mais pessimistas até agora, e mantêm a tendência de actualização das previsões em baixa à medida que os danos provocados no sistema financeiro vão sendo incorporados. De facto, desde Outubro que as estimativas são sucessivamente revistas, com a Comissão Europeia e FMI (0,1%) a contrariarem o optimismo do Governo, que, em Outubro, apontava para um crescimento de 0,6%.
O desemprego é o indicador mais afectado. Segundo a OCDE, a taxa de desemprego vai subir de 7,6% para 8,5%, o valor mais alto desde 1986, tornando Portugal o quinto dos trinta países da OCDE com mais desempregados em percentagem da população activa, ultrapassando mesmo a França e a Alemanha. Em 2010, o cenário piora, com a taxa de desemprego a atingir os 8,8%.
Ontem, o primeiro-ministro José Sócrates, cujo Executivo previu, em Outubro, que o desemprego em 2009 se mantivesse ao nível de 2008 (7,6%), afirmou que os números da OCDE “são apenas previsões” e que as estimativas para o crescimento económico até são mais positivas do que para a zona euro, que deve ter uma contracção de 0,6% do respectivo Produto Interno Bruto (PIB). Já o ministro da Economia, Manuel Pinho, não quis comentar o relatório.
Apesar de a performance relativa de Portugal ser superior à da zona euro, a verdade é que em 2010 a OCDE aponta para nova divergência em relação aos países integrados na união monetária, com Portugal a crescer apenas 0,6% contra 1,2%. Desde 2003 até 2007, Portugal cresceu, em média, menos 1% do que a zona euro, sendo que em 2010 a diferença deverá ser de 0,6%. Na prática, isso significa que o único período em que Portugal consegue encurtar a distância é em ano de recessão europeia. “Isto mostra que a reestruturação de muitos sectores devido à concorrência internacional vai ser superior ao que se pensava”, explica Rui Constantino, economista-chefe do Santander Portugal.
De resto, todos os indicadores entram em quebra face a 2008. Depois de as exportações e investimento entrarem no vermelho, é a vez do consumo – a rubrica que tem resistido melhor à crise – cair em termos reais, com uma contracção de 0,2% em relação ao ano anterior. Ou seja, as famílias vão apertar o cinto e moderar as suas compras.
“A tendência não é de agora, já se nota uma alteração dos padrões de consumo”, diz Filipe Garcia, da IMF. “Por exemplo, as famílias já comem menos vezes fora. Em 2009, esta tendência de alterações do consumo vai continuar”.
Previsões da OCDE
1 - Consumo
O consumo tem sido o indicador mais resistente. De acordo com a OCDE, o próximo ano vai ver uma contracção real do consumo das famílias de -0,2%, uma perda marginalmente superior à que teve lugar em 2003, ano da última recessão. O consumo recupera em 2010, mas de forma anémica e em divergência face à zona euro, que tem um crescimento de 1,2%. A confiança do consumidores já estava bastante baixa nos últimos meses.
2 - Investimento
Com o consumo em queda e a procura externa a abrandar, os empresários vão tornar-se mais contidos na altura de investir. Assim, o investimento (medido pela formação bruta de capital fixo) vai cair 1,2%, um valor que diverge em 2,7 pontos percentuais da estimativa inscrita pelo Governo no Orçamento do Estado para 2009. Em 2009, a rubrica volta a crescer, mas de forma muito ténue: apenas 0,5%, um valor abaixo da zona euro (1%).
3 - Défice
Segundo a OCDE, o défice público vai subir em 2009: atinge os 2,9%, um valor perigosamente próximo dos 3% fixados como limite no Pacto de Estabilidade e Crescimento. Ano de excepção? A OCDE diz que não: em 2010, o défice volta a subir e, desta vez, chega mesmo aos 3,1%, um valor superior ao que se registava em 2007. No Economic Outlook, o organismo sedeado em Paris pede mesmo mais medidas estruturais de contenção da despesa pública. Hoje, a Comissão Europeia deverá sublinhar a flexibilização do PEC até 2010.
Pedro Romano/net/joseph
Os dados da OCDE são os mais pessimistas até agora, e mantêm a tendência de actualização das previsões em baixa à medida que os danos provocados no sistema financeiro vão sendo incorporados. De facto, desde Outubro que as estimativas são sucessivamente revistas, com a Comissão Europeia e FMI (0,1%) a contrariarem o optimismo do Governo, que, em Outubro, apontava para um crescimento de 0,6%.
O desemprego é o indicador mais afectado. Segundo a OCDE, a taxa de desemprego vai subir de 7,6% para 8,5%, o valor mais alto desde 1986, tornando Portugal o quinto dos trinta países da OCDE com mais desempregados em percentagem da população activa, ultrapassando mesmo a França e a Alemanha. Em 2010, o cenário piora, com a taxa de desemprego a atingir os 8,8%.
Ontem, o primeiro-ministro José Sócrates, cujo Executivo previu, em Outubro, que o desemprego em 2009 se mantivesse ao nível de 2008 (7,6%), afirmou que os números da OCDE “são apenas previsões” e que as estimativas para o crescimento económico até são mais positivas do que para a zona euro, que deve ter uma contracção de 0,6% do respectivo Produto Interno Bruto (PIB). Já o ministro da Economia, Manuel Pinho, não quis comentar o relatório.
Apesar de a performance relativa de Portugal ser superior à da zona euro, a verdade é que em 2010 a OCDE aponta para nova divergência em relação aos países integrados na união monetária, com Portugal a crescer apenas 0,6% contra 1,2%. Desde 2003 até 2007, Portugal cresceu, em média, menos 1% do que a zona euro, sendo que em 2010 a diferença deverá ser de 0,6%. Na prática, isso significa que o único período em que Portugal consegue encurtar a distância é em ano de recessão europeia. “Isto mostra que a reestruturação de muitos sectores devido à concorrência internacional vai ser superior ao que se pensava”, explica Rui Constantino, economista-chefe do Santander Portugal.
De resto, todos os indicadores entram em quebra face a 2008. Depois de as exportações e investimento entrarem no vermelho, é a vez do consumo – a rubrica que tem resistido melhor à crise – cair em termos reais, com uma contracção de 0,2% em relação ao ano anterior. Ou seja, as famílias vão apertar o cinto e moderar as suas compras.
“A tendência não é de agora, já se nota uma alteração dos padrões de consumo”, diz Filipe Garcia, da IMF. “Por exemplo, as famílias já comem menos vezes fora. Em 2009, esta tendência de alterações do consumo vai continuar”.
Previsões da OCDE
1 - Consumo
O consumo tem sido o indicador mais resistente. De acordo com a OCDE, o próximo ano vai ver uma contracção real do consumo das famílias de -0,2%, uma perda marginalmente superior à que teve lugar em 2003, ano da última recessão. O consumo recupera em 2010, mas de forma anémica e em divergência face à zona euro, que tem um crescimento de 1,2%. A confiança do consumidores já estava bastante baixa nos últimos meses.
2 - Investimento
Com o consumo em queda e a procura externa a abrandar, os empresários vão tornar-se mais contidos na altura de investir. Assim, o investimento (medido pela formação bruta de capital fixo) vai cair 1,2%, um valor que diverge em 2,7 pontos percentuais da estimativa inscrita pelo Governo no Orçamento do Estado para 2009. Em 2009, a rubrica volta a crescer, mas de forma muito ténue: apenas 0,5%, um valor abaixo da zona euro (1%).
3 - Défice
Segundo a OCDE, o défice público vai subir em 2009: atinge os 2,9%, um valor perigosamente próximo dos 3% fixados como limite no Pacto de Estabilidade e Crescimento. Ano de excepção? A OCDE diz que não: em 2010, o défice volta a subir e, desta vez, chega mesmo aos 3,1%, um valor superior ao que se registava em 2007. No Economic Outlook, o organismo sedeado em Paris pede mesmo mais medidas estruturais de contenção da despesa pública. Hoje, a Comissão Europeia deverá sublinhar a flexibilização do PEC até 2010.
Pedro Romano/net/joseph
2 comentários:
Estamos cada vez pior!
Estamos mesmo, como diz a Andreia.
Ainda por cima cheios de frio.
Brrrr.
Bom Domingo.
MAnuela
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