...A utilização do vernáculo teve pontos de requinte. Um desses exemplos foi o poema de Natália Correia, afamada escritora, deputada na década de 80, que se empenhou a fundo na sua actividade parlamentar. Num debate sobre o aborto, em Março de 1982, João Morgado (do CDS) dizia isto: "A posição que defendi é exactamente a da Igreja Católica, que proíbe o aborto porque entende que quando se pratica o acto sexual é para se ver o nascimento de um filho".
Natália Correia respondeu-lhe com um poema:
"O acto sexual é para ter filhos, disse ele,
já que o coito, diz Morgado,
tem como fim cristalino
fazer menina ou menino.
E cada vez que o varão
sexual petisco manduca
temos na procriação
prova de que houve truca-truca.
Sendo pai só de um rebento,
lógica é a conclusão
de que o viril instrumento
só usou, parca ração,
uma vez. E se a função
faz o orgão, diz o ditado,
consumada essa excepção,
ficou capado o Morgado."
Feliz ou infelizmente, outros casos houve de vernáculo produzido, não em poesia, mas em prosa curta e grossa...
(Posto amanhã na Parte II).
3 comentários:
Não entendi seu comentário no Oncotô.
Obrigada pela explanação.
Eu lembro-me disso...
Temos de esperar para amanhã, assim não vale!!!
Jinhos
Luz
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