Em Novembro de 1975, Portugal esteve à beira de uma Guerra Civil.
CRONOLOGIA:
7 de Novembro de 1975:
Por ordem do Governo, chefiado pelo Almirante Pinheiro de Azevedo, já falecido, o recém criado AMI, faz explodir os emissores da Rádio Renascença.
Confrontos violentos na região de Rio Maior entre representantes das UCP's e Cooperativas Agrícolas da Zona de Intervenção da Reforma Agrária (ligadas ao sector do trabalhadores rurais) e representantes da CAP - Confederação de Agricultores Portugueses, instituição ligada aos interesses dos proprietários agrícolas.
12 de Novembro de 1975:
Manifestação de trabalhadores da construção civil cerca o Palácio de S.Bento sequestrando os deputados.
15 de Novembro de 1975:
Juramento de bandeira no RALIS - os soldados quebram as normas militares que regulamentam os juramentos de bandeira e fazem-no de punho fechado.
20 de Novembro de 1975:
O Conselho da Revolução decide substituir Otelo Saraiva de Carvalho por Vasco Lourenço no comando da Região Militar de Lisboa.
O Governo anuncia a suspensão das suas actividades alegando "falta de condições de segurança para exercício do governo do país".
Manhã de 25 de Novembro de 1975:
Na sequência de uma decisão do General Morais da Silva, CEMFA, que dias antes tinha mandado passar à disponibilidade cerca de 1000 camaradas de armas de Tancos, paraquedistas da Base Escola de Tancos ocupam o Comando da Região Aérea de Monsanto e seis bases aéreas. Detêm o general Pinho Freire e exigem a demissão de Morais da Silva. Este acto é considerado pelos militares ligados ao Grupo dos Nove (Melo Antunes e outros) como o indício de que poderia estar em preparação um golpe de estado vindo de sectores mais radicais, da esquerda. Esses militares apoiados pelos partidos políticos moderados PS e PPD, depois do Presidente da República, General Francisco da Costa Gomes ter obtido por parte do PCP a confirmação de que não convocaria os seus militantes e apoiantes para qualquer acção de rua, decidem então intervir militarmente para controlar inequivocamente o destino político do país. Assim:
Tarde de 25 de Novembro de 1975:
Elementos do Regimento de Comandos da Amadora, comandados pelo Coronel Jaime Neves, cercam o Comando da Região Aérea de Monsanto.
Noite de 25 de Novembro de 1975:
O Presidente da República decreta o Estado de Sítio na Região de Lisboa. Militares afectos ao governo, da linha do Grupo dos Nove, controlam a situação.
Prisão dos militares revoltosos que tinham ocupado a Base de Monsanto.
26 de Novembro de 1975:
Comandos da Amadora atacam o Regimento da Polícia Militar, unidade militar tida como próxima das forças políticas de esquerda revolucionária, tendo prendido o Major TOMÉ e outros militares.
...Mais tarde, diante das câmaras da R.T.P., o capitão Sousa e Castro, do Conselho da Revolução, diria que assistindo ao combate de uma janela do Palácio de Belém, vira claramente civis armados que disparavam contra os Comandos.
Após a rendição da PM, há vítimas mortais de ambos os lados.
“No incidente originado pelas forças do Regimento de Polícia Militar com o Regimento de Comandos, verificou-se a morte do Tenente Comando José Eduardo Oliveira Coimbra, do 2º Furriel Miliciano Comando Joaquim dos Santos Pires e do Aspirante Miliciano José Albertino Ascenso Bagagem.
Neste momento, além de lamentar profundamente que portugueses se matem entre si, não pode o Estado Maior General das Forças Armadas deixar de condenar veementemente a acção de grupos de civis armados”.
Prisões dos militares revoltosos..
27 de Novembro de 1975:
Os Generais Carlos Fabião e Otelo Saraiva de Carvalho são destituídos, respectivamente, dos cargos de Chefe de Estado Maior do Exército e de Comandante do COPCON.
O General António Ramalho Eanes é o novo Chefe de Estado Maior do Exército.
Por decisão do Conselho de Ministros a Rádio Renascença é devolvida à Igreja Católica.
28 de Novembro de 1975:
O VI Governo Provisório retoma funções.
O Primeiro-Ministro discursa na televisão, e numa alocução breve mas elucidativa, referia que “...uma vez mais, a serenidade das Forças Armadas pode evitar a deflagração de uma generalizada confrontação violenta mas que apesar disso, há que lamentar a perda inútil de três vidas”. O Almirante Pinheiro de Azevedo “curvou-se” perante a dor das famílias e acompanhou “no seu luto a família portuguesa”. Mas o chefe do Governo marcou logo na frase a seguinte distinção:
“Perante a memória dos dois briosos militares que morreram no cumprimento do dever, reverentemente me inclino, num gesto de merecida homenagem”.
Mais adiante, o Primeiro-Ministro diria:”...que ninguém seja condenado sem prévio julgamento, precedido das mais amplas garantias de defesa. Quem defende a liberdade e a democracia, não pode escamotear a justiça”.
O Conselho de Ministros promete o direito de reserva aos donos de terras expropriadas.
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Nota: do General Gabriel Augusto do Espírito Santo:
Portugal tinha de continuar na construção da Liberdade e Democracia que tinham sido prometidas em 25 de Abril, no pluralismo e nos actos formais que requerem essa Democracia.
A intervenção militar em 25 de Novembro de 1975 por parte de elementos e unidades das Forças Armadas, que interpretando um sentimento nacional maioritário se opuseram a uma direcção política que, pela força e na rua, procurava conquistar o poder, reclamando legitimidade não conferida, marca uma intervenção visando, com conhecimento e sob a direcção superior do Presidente da República, em primeiro lugar, restituir à Instituição Militar o seu carácter nacional e não ao serviço de forças políticas, de forma a retomar o seu papel de garante de uma transição para um regime constitucional que a Nação ainda não tinha definido. Com essa intervenção, decisiva mas que ainda fez baixas entre militares no cumprimento de ordens dos seus comandantes, foi possível reiniciar o caminho para a Democracia.
O 25 de Novembro de 1975 materializou também o início da educação democrática das Forças Armadas, que desde então têm percorrido um caminho exemplar de profissionalismo, e o retomar do seu papel institucional no Estado democrático. Garantindo o regular funcionamento das instituições e permitindo que, em Liberdade, a Nação e sua população decidam, quando chamadas a tal, sobre o caminho que desejam prosseguir.
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Estes são os factos. Aqueles que quiseram implantar, neste dia, um regime totalitário de esquerda e extrema-esquerda, mais própriamente uma Ditadura Comunista, indo contra os ideais do IDEÓLOGO do 25 de Abril de 1974, o CAPITÃO SALGUEIRO MAIA, já falecido, "perderam assim a sua luta".
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* ADITAMENTO:
- JAIME NEVES, promovido a Major-General em 14-04-2009, viria a falecer (RIP) no Hospital Militar Principal, em Lisboa, no dia 27-01-2013 aos 76 anos de idade. Participou na "Revolução dos Cravos", em 25 de Abril e no 25 de Novembro de 1975, que travou o "PREC esquerdista".
(Créditos: Blog dos ComandosWeb44/Puxa palavra/Revista Militar/Google)
2 comentários:
Interessante Blog!!!
emidio fernandes eu
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